Como utilizar a Taxonomia de Bloom para definir objetivos de aprendizagem?

Como utilizar a Taxonomia de Bloom para definir objetivos de aprendizagem?

Você certamente tem familiaridade com o conceito de objetivos de aprendizagem. São objetivos que normalmente aparecem no início de uma aula ou de um curso e nos ajudam, enquanto estudantes, a compreender o escopo daquilo que vamos aprender. Mas você já pensou no papel e na importância que eles têm para quem produz soluções educacionais?

Definir os objetivos de aprendizagem de um material didático (seja uma aula, palestra, ou curso autoinstrucional) é uma etapa crucial da fase de planejamento. Isso porque esses objetivos estão diretamente relacionados não apenas à seleção do conteúdo, mas também à forma como esse conteúdo será abordado.

Por exemplo: em um curso sobre um software específico, o objetivo é fazer com que o aluno conheça a existência do software ou saiba operá-lo? Caso o intuito seja garantir uma operação correta e eficiente, qual metodologia seria mais adequada, uma apresentação conceitual ou uma simulação?

Percebe o impacto que os objetivos de aprendizagem geram no desenvolvimento de uma solução educacional? Por esse motivo, a área da educação dispõe de diversas ferramentas que nos auxiliam a defini-los de uma forma ágil e padronizada, facilitando a comunicação entre as pessoas que atuam no planejamento de novas soluções. Uma dessas ferramentas é a Taxonomia de Bloom.

 

Taxonomia de Bloom

A Taxonomia dos Objetivos Educacionais, popularizada como “Taxonomia de Bloom”, refere-se a um conjunto de verbos que descrevem os processos ocorridos no domínio cognitivo da aprendizagem, conforme proposto por Benjamin Bloom e seu grupo de pesquisadores em 1956.

Esses verbos são divididos em seis categorias, ordenadas do processo mais simples (conhecimento) ao mais complexo (avaliação).

Conhecimento Compreensão Aplicação Análise Síntese Avaliação
Saber Descrever Calcular Classificar Combinar Ordenar
Conhecer Entender Utilizar Organizar Estruturar Validar
Definir Exemplificar Modificar Categorizar Compilar Testar
Listar Explicar Resolver Ilustrar Conceber Concluir
Identificar Resumir Escolher Associar Reescrever Argumentar
Reconhecer Discutir Ensinar Comparar Compor Convencer

Em 2002, David Krathwohl, um dos autores originais da taxonomia, renomeou as categorias e alterou a ordem dos dois últimos itens. As categorias foram substituídas por verbos, uma vez que essa classe de palavras permite uma associação direta a uma ação do domínio cognitivo e não a um conceito, como faziam os substantivos. Dessa forma, as categorias passaram a se chamar:

  • Lembrar (Conhecimento).
  • Entender (Compreensão).
  • Aplicar (Aplicação).
  • Analisar (Análise).
  • Avaliar (Avaliação).
  • Criar (Síntese).

 

Note que as categorias Avaliação e Síntese trocaram de posição. Isso ocorreu pois, no entendimento de Krathwohl, o processo de síntese, de criar algo novo, é, em termos cognitivos, mais complexo do que o processo de avaliação.

Ambas as iterações da taxonomia são populares e são uma referência no processo de planejamento de uma ação educacional. No entanto, você deve estar se perguntando: como levar essa taxonomia para a prática? É bastante simples. Quando estiver no processo de definição de objetivos educacionais, complete a seguinte frase:

 

Ao final da solução educacional, o aluno deve estar apto a ______________

 

Por exemplo, ao final de um curso sobre um sistema informatizado, o aluno deve estar apto a:

  • Identificar as ferramentas disponibilizadas pelo sistema;
  • Utilizar o sistema para executar suas tarefas diárias;
  • Organizar as informações dentro do sistema.

 

É importante observar que a perspectiva colocada é sempre a do aluno, não a perspectiva do curso. Ao estruturar os objetivos, sempre considere o que o aluno deve aprender e quais ações ele deve tomar ao finalizar a atividade.

Após a realização de uma atividade educacional, é importante rever os objetivos, entender se algum deles não foi alcançado e por quais motivos. Dessa forma, você tem a oportunidade de aprimorar projetos futuros. Mas esse é um tema para outro artigo.

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